A Sociedade Internacional de Cefaleia, desde 1988, estabeleceu critérios diagnósticos que vêm sendo modificados ao longo dos anos, a partir dos novos conhecimentos que surgem a cada ano na área de cefaleia.

Sua versão mais atualizada é a ICHD–3 (The 3rd Edition of The International Classification of Headache Disorders). Publicada na Cephalalgia em 2018, Cephalalgia 38(1): 1-211, estabelece os critérios diagnósticos que devem ser utilizados por todos os médicos.

 

Migrânea ou Enxaqueca

De todos os tipos existentes de cefaleia, a Migrânea ou Enxaqueca é a que mais causa impacto na qualidade de vida de seus portadores. O prejuízo na vida social e econômica dessas pessoas é imenso. Estima-se, apenas nos Estados Unidos, que os custos diretos provocados por consultas, remédios e médicos estejam em torno de U$10 bilhões anuais. Se pensarmos em custos indiretos provocados por faltas ao trabalho e perda da produtividade, as cifras totais sobem para U$27 bilhões anuais.

A Enxaqueca, além da intensa dor, causa fobias sensoriais (luz, barulho, cheiros), mal- estar, náuseas, por vezes vômitos, debilita e impede qualquer atividade. O pico de incidência coincide com a fase de pico profissional, principalmente nas mulheres.

Há meios muito eficazes para tratar a Enxaqueca. Com o tratamento, conseguimos reduzir a frequência, intensidade e duração, devolvendo a qualidade de vida, o bem-estar e a produtividade do indivíduo.

O tratamento é indicado nas seguintes situações:

– Migrâneas ou Enxaquecas recorrentes que interfiram significativamente na rotina diária, apesar do tratamento abortivo

– Crises com frequência superior a três vezes no mês

– Falha ou uso excessivo de medicamentos abortivos

– Presença de quadros mais atípicos, como Enxaqueca hemiplégica, Enxaqueca basilar, Enxaqueca com aura prolongada ou infarto migranoso e na prevenção de sequelas neurológicas, conforme consenso dos especialistas.

A escolha do tratamento medicamentoso a ser utilizado deve basear-se na eficácia, efeitos adversos, contraindicações, intensidade e frequência das crises, presença de sintomas e sinais associados e no tempo necessário para que o medicamento atinja a sua eficácia máxima.

 

Uso excessivo de analgésicos

Para acabar com o sofrimento da dor, grande parte da população adquiriu o péssimo hábito de consumir analgésicos exageradamente. Em busca do alívio imediato, tomam-se esses medicamentos sem prescrição ou acompanhamento médico.

Estudos indicam que alguns indivíduos chegam a consumir de 14 a 30 comprimidos por semana, sendo que alguns tomam de 10 a 12 por dia. No entanto, tomar esses medicamentos mais de duas vezes por semana representa um sério risco para a saúde, pois o exagero na medicação altera o sistema analgésico do próprio organismo e anula seus efeitos. Ou seja, o uso de analgésicos acima da dose semanal, durante três meses seguidos, induz a cronificação da dor. A dor que vinha duas vezes na semana, passa a vir três vezes, quatro vezes e, em algum tempo, pode se tornar diária.

Além disso, o excesso desses remédios causa cansaço excessivo, náusea, agitação, ansiedade, irritação, problemas de memória, dificuldade de concentração, depressão, insônia e em um estágio mais avançado, pode causar até úlceras gástricas, hepatite medicamentosa ou sérios problemas renais.

Portanto, a melhor solução é a suspensão dos analgésicos e o tratamento preventivo com medicamentos que vão agir na causa da dor.

Não deixe de procurar um especialista no assunto para fazer o diagnóstico e o tratamento corretos.

 

Sinais de alerta:

As formas como as dores de cabeça se apresentam também podem indicar o momento de procurar um neurologista: dores de cabeça frequentes ou intensas, ocasionando perda de qualidade de vida, dor de cabeça de início recente, dor de cabeça diferente da pré-existente, dor de cabeça iniciada em indivíduos com mais de 50 anos, dor de cabeça associada a outros sintomas como febre, vômitos, rigidez do pescoço, crises convulsivas, paralisia facial, confusão mental ou queda da pálpebra. Dores de cabeça que ocorram durante esforço físico, atividade sexual ou tosse também devem ser investigadas, embora existam formas benignas dessas cefaleias

 

Dicas:

Para amenizar as crises em geral e diminuir a necessidade de medicamentos analgésicos, existem algumas dicas eficientes:

– Aplique uma pomada à base de cânfora nas áreas da dor. Promove um efeito gelado e alivia.

– Coloque uma toalha umedecida com água gelada sobre a região afetada ou mesmo pequenas bolsas de gel geladas (não congeladas).

– Evite comer ou beber no momento da crise. Há uma paralisia gástrica durante a crise, podendo se manifestar com náuseas e vômitos.

– Se o quadro estiver avançado, pare o que está fazendo e procure um local fresco e escuro para recostar (sem se deitar).

 

Exercícios físicos:

Praticar exercícios aeróbicos regularmente aumenta a produção das endorfinas, nosso analgésico endógeno. Estudos recentes comprovam que o exercício é fundamental no tratamento das enxaquecas a longo prazo, com uma melhora significativa na incidência de crises.

 

Tratamento Preventivo:

Medicamentoso – geralmente o tratamento é feito por um tempo de 1 a 2 anos, podendo se estender, caso necessário

Aplicação de Toxina Botulínica

Realização de Bloqueio Occipital

Reeducação Alimentar – orientação quanto aos gatilhos e perda de peso. O aumento do peso corporal está diretamente ligado ao aumento da frequência das crises.

Abordagem Psicológica – é importante abordar questões psicológicas que possam interferir na piora do quadro. Pessoas com dor crônica têm maior chance de apresentarem quadros de depressão e ansiedade.

Planejamento Físico com fisioterapia e exercícios.